O gato de Schrödinger é no fundo uma parábola, uma narrativa alegórica com uma moral embutida, no caso uma moral científica. Construída pelo cientista E. Schrödinger, a parábola ilustra o quão estranho são os fenômenos da mecânica quântica.
Ao longo do desenvolvimento da mecânica quântica, percebeu-se que a natureza microscópica apresentava um aspecto probabilístico intrínseco, cujas consequências não são observadas no quotidiano clássico. Para dar uma ideia do que seriam estes aspectos, o cientista bolou um experimento mental, ou seja, não passível de realização, onde um gato encontra-se hermeticamente fechado em uma caixa que contém um recipiente com gás venenoso. O gás será liberado dentro da caixa caso um átomo emita radiação. Para que o recipiente seja aberto, ou quebrado, ele está na mira de um martelo que é acionado quando um detector de partículas, no caso um contador Geiger, é atingido pela radiação de uma amostra radioativa.
A “moral” do experimento é revelada quando se nota que a emissão de radiação é um fenômeno quântico, os átomos da amostra radioativa encontram-se em um estado conjunto de emissão e não-emissão, devido ao caráter probabilístico do mundo quântico. O gato por interagir com o aparato estaria então, dentro da caixa, em um estado simultâneo “vivo e morto”, pois que este estado está associado ao evento de emissão/não-emissão radioativa.
O experimento então trata de uma tentativa de explicar o que seria um estado, denominado de superposição, abundante no mundo quântico, mas não no mundo clássico. Outro exemplo seria considerar um jogo de dados, caracterizado pela face voltada para cima de um deles: o estado de superposição seria um mesmo dado apresentar duas faces simultaneamente voltadas para cima.
A teoria quântica, que tem Schrödinger como um de seus fundadores, descreve fundamentalmente o comportamento de elementos que pertencem à escala microscópica, tais como partículas elementares (elétrons, fótons, prótons etc), átomos e moléculas. Esta escala é distante daquela dos sentidos humanos, a dita macroscópica, e seus efeitos e fenômenos fogem, por isso, ao senso comum, quando extrapolados para situações quotidianas, geram estes tipos de paradoxos como um gato vivo e morto simultaneamente.
Fernando Nicacio.
06/09/2022