Colaboração Pierre Auger ganha o prêmio Physics World Top Ten Breakthroughs of 2017

A Colaboração Pierre Auger ganha o prêmio da physicsworld.com: “Para a colaboração do Observatório Pierre Auger por mostrar que os raios cósmicos de ultra-alta energia vêm de fora da Via Láctea”. Este trabalho que estuda a distribuição da direção de chegada dos raios cósmicos mais energéticos da natureza (com com energias um milhão de vezes maiores do que os prótons acelerados no Grande Colisor de Hádrons no CERN) foi publicado na revista Science no 22 de setembro deste ano (doi: 10.1126/science.aan4338). Nele são reportadas evidências experimentais de que estas partículas ultra energéticas vêm de muito mais longe do que a nossa galáxia. Para isto foi comparado o fluxo de raios cósmicos vindos de uma metade do céu com aquele originário do lado oposto, mostrando que a essas energias a taxa média difere em cerca de 6% entre estas duas metades, sendo que o excesso aponta para uma região distante 120° do centro da galáxia. Desde a descoberta dos raios cósmicos ultra energéticos em 1960, muito se tem especulado acerca da origem galáctica ou extragaláctica destas partículas. O mistério de mais de meio século foi solucionado pelo Observatório Pierre Auger, na Argentina. A direção da anisotropia aponta para uma região do céu em que a distribuição de galáxias mostra uma densidade maior do que a média. Embora o resultado evidencie claramente a origem extragaláctica das partículas, o estudo não permite identificar individualmente as fontes. A direção da anisotropia aponta para uma área extensa no céu e não para uma região localizada e estreita, uma vez que mesmo partículas tão energéticas ainda têm suas trajetórias desviadas de ao menos algumas dezenas de graus pela ação dos campos magnéticos presentes na nossa galáxia e no espaço intergaláctico. Um texto mais detalhado sobre o artigo pode ser encontrado em: https://www.if.ufrj.br/destaques/origem-extragalatica-de-raios-cosmicos-de-alta-energia/

Em setembro deste ano, a revista de física physicworld.com fez uma matéria sobre esse artigo, que agora foi escolhido para ser incluído nas “Physics World Top Ten Breakthroughs of 2017” (10 melhores avanços mundiais de 2017). O premio para os 10 melhores avanços mundiais de 2017 é concedido a pesquisas reportadas na revista physicsworld.com no ano 2017. Os 10 melhores são escolhidos pelos editores do Physics World a partir de uma lista restrita baseada na popularidade do seus leitores. Os critérios de seleção são: i) importância fundamental da pesquisa, ii) avanço significativo no conhecimento, iii) forte conexão entre teoria e experiência, e iv) interesse geral para todos os físicos.

O primeiro lugar deste ano foi para a “Primeira observação multi-mensageiro de uma fusão de estrelas de nêutrons” realizada por um grupo internacional de astrônomos e astrofísicos que inaugurou uma nova era de astronomia. Foi realizada a primeira observação multi-mensageiro envolvendo ondas gravitacionais detectadas no 17 de agosto pelos observatórios LIGO-VIrgo e o Telescópio espacial Fermi. Eles vieram da fusão de duas estrelas de nêutrons (GW 170817). Durante as horas e dias seguintes a sua detecção, mais de 70 telescópios apontaram para GW 170817 e uma grande quantidade de observações foram feitas em diferentes comprimento de onda. O observatório Pierre Auger, junto a outros observatórios de neutrinos procuraram por eles vindo da fusão da estrela de nêutrons mas nenhum deles foi observado.

Mais informações podem ser encontradas em physicsworld.com
O artículo publicado na revista physicsword.com pode ser encontrado em http://physicsworld.com/cws/article/news/2017/sep/21/ultra-high-energy-cosmic-rays-have-extra-galactic-origins

Referência:
Observation of a Large-scale Anisotropy in the Arrival Directions of Cosmic Rays above 8×1018 eV
The Pierre Auger Collaboration, Science 357 (2017) [doi: 10.1126/science.aan4338] [arXiv: 1709.07321]

A colaboração Pierre Auger está formada por mais de 400 cientista de 18 países, entre os quais o Brasil. Na UFRJ, no Instituto de Física, o professor João Torres de Melo Neto, a professora Carla Bonifazi, e os alunos de doutorado Cynthia Ventura (do Observatório do Valongo) e de iniciação científica Victor Gollo, são membros desta colaboração.