Simpósio AugerPrime
Comemorando 15 anos de conquistas e a cerimônia de assinatura de um novo acordo internacional para os próximos 10 anos
O Observatório Pierre Auger é o mais importante projeto atual para a exploração de raios cósmicos no mundo. Mais de 500 cientistas de 16 países vêm trabalhando desde 1998 na província de Mendoza, Argentina, para elucidar a origem e as características das partículas mais energéticas do Universo, que chegam à Terra desde os confins do cosmos. O Observatório Pierre Auger mede chuveiros gigantes de partículas relativísticas, resultantes das colisões entre os raios cósmicos de altíssimas energias, raríssimos, e os núcleos atômicos da atmosfera. As características destes chuveiros que se desenvolvem no ar são usadas para inferir a energia, a direção de chegada e a massa das partículas cósmicas.
Os resultados do Observatório Pierre Auger trouxeram novos conhecimentos acerca da origem e natureza dos raios cósmicos de energias elevadas. Dentre os mais interessantes está a prova experimental de que às mais altas energias (algumas ordens de grandeza acima das que podem ser alcançadas no Grande Colisor de Hádrons do CERN) o fluxo de raios cósmicos diminui significativamente quando comparado às energias mais baixas. Os dados indicam que esta supressão do fluxo pode ser devido a uma limitação na energia passível de ser alcançada nos mais poderosos aceleradores de partículas cósmicas. Uma medida ainda mais detalhada da natureza das partículas cósmicas às mais altas energias é crucial para entender os mecanismos responsáveis por essa queda no fluxo e identificar os locais astrofísicos onde elas podem ser aceleradas.
O aprimoramento AugerPrime do Observatório prevê a instrumentação dos 1660 detectores de superfície existentes (reservatórios de água sensíveis à luz Cherenkov gerada pelas partículas secundárias do chuveiro que o atravessam) com detectores de luz de cintilação e a construção de um arranjo pequeno com detectores de múons enterrados.
Isto vai nos permitir diferenciar eficientemente entre as componentes eletromagnética e muônica do chuveiro. Desta maneira, seremos capazes de determinar evento a evento a massa dos raios cósmicos primários. Uma eletrônica mais rápida e poderosa também será instalada com o objetivo de facilitar a leitura dos novos detectores e melhorar o desempenho global daqueles já existentes no Observatório.
Um simpósio, realizado nos dias 15 e 16 de novembro de 2015, reúne colaboradores e representantes das agências de financiamento à pesquisa para a assinatura de um novo acordo internacional para a operação continuada do Observatório Pierre Auger até 2025. Isto fornecerá a base necessária para duplicar a estatística atual com o Observatório aprimorado com o objetivo de resolver o enigma da origem das partículas mais energéticas do Universo.
Os pesquisadores brasileiros desenvolvem seus trabalhos junto ao Observatório Pierre Auger contando desde 1998 com o apoio de CNPq, FINEP, FAPERJ, FAPESP e MCTI.